by
Davi Duarte
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20/06/2016 11:10
Aprender com Kathleen o seu longo agir cartógrafa, desenhando suas cartografias existenciais, a partir do registro intensivo dos vários maus encontros no mundo do trabalho, que coloca a trabalhar o corpo na sua expressividade, de uma forma que lhe permitisse linguajar os sofridos efeitos de um modo de viver, sentido como hostil, foi um privilégio para mim, que pude acompanhar de modo molecular, cada reação química desse processo. A potência narrativa de um corpo sentinte, como o que é dito nesse livro, vai sendo exercitada a todo momento. A solidão parece ser o único caminho e o sofrer, só para si, sugere impotência, mas não deixa de agir o abrir-se em multiplicidade em novos possíveis acontecimentos de si, colocando como possibilidade a produção de uma narrativa de si que também possa ser uma construção para os outros. No exercício de si e no jogo das alteridades de si, a autora vai desfiando pela carne mais vida que lhe permite respirar com os outros sofrimentos, que da solidão mostram-se potentes armas de produzir novas formas de existir na experimentação do viver. Lá, nas mais profundas vivências relatadas aqui, de modo o mais transparente possível, em um jogo de intensa sinceridade consigo, a autora desse livro, retira força em si para abrir-se como multiplicidade de viveres a celebrar com os outros, que a alimentam nas suas diferenças, potência dos modos coletivos de fabricar mundos que possam afirmar: viva o viver com o outro que é outros modos de existir, e que me enriquece a partir desses lugares nos nossos encontros. Trecho de Um convite a leitura de Emerson Elias Merhy.
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