Mais Ética no Cuidar e no Formar na Saúde
Nos últimos dias vimos demonstrações de ódio e intolerância acompanhando as notícias do adoecimento e morte da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva. Vivemos um tempo em que parte da sociedade parece mobilizada por demonstrações de intolerância. É inadmissível que sequer a dor e a morte não sejam respeitadas. Entretanto, o que choca ainda mais é que parte dessas demonstrações é promovida por profissionais de saúde, na divulgação de dados relativos ao estado de saúde, na incitação à morte e na promoção da violência. Há um ataque frontal ao respeito e à relevância social atribuídos ao trabalho em saúde, quando se identifica profissionais, que deveriam mobilizar-se pelo cuidar e seus pressupostos éticos, participando de demonstrações de intolerância e quebra de direitos das pessoas sob cuidado. Os profissionais da saúde têm, desde as primeiras formas organizadas de cuidar na história da humanidade, o reconhecimento social e códigos de ética a serem observados. É muito grave a divulgação não autorizada de informações dos registros clínicos e ainda mais a utilização dessas como forma de incitar o ódio, a intolerância e o assassinato de pessoas, pelo fato de divergirem no plano das ideias e das escolhas. É preciso que se tomem medidas firmes para dar um basta nessas situações e, sobretudo, que se mobilizem as instituições formadoras para que a formação ética e humanista dos profissionais seja fortalecida na prática. A Associação Brasileira da Rede Unida se associa ao posicionamento firme do Conselho Nacional de Saúde e de outras entidades para repudiar essas iniciativas, para exigir medidas fortes e imediatas e para mobilizar as instituições formadoras e a sociedade brasileira na vigilância da formação ética, humanista e comprometida com a vida de todos e todas.