Rede UNIDA na defesa da democracia
A Rede UNIDA na defesa da saúde e da democracia –
Carta Aberta à Sociedade Brasileira
O país vive um momento de profundo retrocesso político e social, por ter um governo interino com uma agenda política conservadora, produto de uma quebra da institucionalidade e que promove uma reforma regressiva do Estado construído a partir da Constituição de 1988. Retira direitos sociais, e recua em relação a valores não-materiais que nos colocaram num grau civilizatório mais avançado do que tínhamos antes da constituinte.
Nos últimos anos, o Movimento Sanitário produziu ações que buscaram contribuir com a qualificação do SUS. O contexto atual exige que fortaleçamos ações de defesa da própria existência do SUS, para que ele não seja efetivamente destruído.
Nesse sentido, a Coordenação Nacional da Associação Brasileira da Rede UNIDA apresenta algumas deliberações que tomou em sua oficina de Planejamento, ocorrida em 19 e 20 de maio de 2016.
Apoiamos e buscaremos atuar junto às diversas organizações, movimentos e coletivos que têm construído uma ação comum e articulada de resistência ao Golpe, como as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, os coletivos de comunicação que têm construído narrativas diferentes dos grandes meios comerciais e monopolizados, entre tantos outros novos personagens que surgem, se mobilizam e atuam em todos os cantos do país. Precisamos construir junto essas ações, mas sem perder nossa especificidade do campo da saúde, produzindo o diálogo com a agenda geral considerando as nossas singularidades.
Intensificaremos nossa atuação junto às instâncias de participação popular e controle social, ampliando nossa inserção no Conselho Nacional de Saúde, colaborando no seu fortalecimento e também na construção de outras formas de participação. Neste sentido, propomos ao Conselho a convocação de uma Conferência Nacional de Saúde Extraordinária com os delegados que participaram da 15ª Conferência, para podermos refletir sobre o presente momento e fortalecer a luta em defesa do SUS.
Reconhecemos que as especificidades do campo da saúde demandam a existência de diversas e distintas organizações. Consideramos fundamental construir, ao máximo, formas de atuação conjunta das entidades da saúde coletiva e de educação dos trabalhadores, desencadeando ações integrando ABRASCO, CEBES, ABrES, APSP, entidades de gestores e trabalhadores, articulações de estudantes, de graduação e pós-graduação, de residentes, de educação e movimentos populares, entre outras.
A Rede UNIDA se coloca como uma entidade ainda mais aberta, solidária e porosa à participação e colaboração com grupos e coletivos autônomos que têm desenvolvido lutas em defesa da democracia, da saúde e da educação, nos mais variados lugares do país, como os que têm promovido diversos atos e ações de ocupação de escolas e das sedes do Ministério da Cultura, os movimentos de mulheres, movimentos de moradia, entre outros. Devemos também apoiar a mobilização de sujeitos e coletivos locais, promovendo estratégias mais compartilhadas de análise e produção de lutas, contribuindo com a politização dos espaços cotidianos.
Promoveremos, por fim, uma reformulação das estratégias de comunicação da Rede UNIDA, de modo que possamos dialogar melhor com as pessoas que não estão diretamente vinculadas às ações que já desenvolvemos. Para tanto, buscaremos avançar na construção de meios mais participativos, como a plataforma #susconecta, projeto desenvolvido numa colaboração entre a Rede UNIDA, o Conselho Nacional de Saúde, a Rede Governo Colaborativo em Saúde/UFRGS, a UFRN, a FIOCRUZ, e que contou até então com o apoio da SGTES/MS.
Com estas e outras medidas, buscamos fortalecer dispositivos que podem aumentar nossa capacidade de nos vincularmos, nos enredarmos e nos potencializarmos em torno da defesa saúde, da educação e da democracia no nosso país. Nenhum passo atrás e nenhum direito a menos!
Porto Alegre, 23 de maio de 2016.
Associação Brasileira da Rede UNIDA