Saúde: luta e conquista da sociedade!
Para estimular a reflexão de profissionais de saúde e moradores da cidade do Rio de Janeiro sobre os eixos temáticos do 10º Congresso Internacional da Rede Unida, a comissão local do evento tem promovido uma oficina por semana, durante todo o mês de março. No dia 15/03, a Participação Social em Saúde foi o foco da segunda oficina, realizada no Teatro Moacyr Bastos, no bairro de Campo Grande, que contou com a presença da professora gaúcha e coordenadora do eixo temático no congresso, Vanderléia Daron, e da médica cearense, Vera Dantas. Com ciranda e música na abertura, a oficina destacou o protagonismo da sociedade na luta e conquista da saúde como um direito.
Já no início da atividade, as convidadas para conduzirem o debate fizeram um exercício, pedindo que a plateia que lotava o teatro indicasse quais os principais desafios para ampliar a participação popular no SUS. Incentivar a promoção à saúde, fortalecer os conselhos de saúde, estimular a relação entre profissionais e comunidade, garantir acesso á informação, investir na formação profissional e na humanização, ampliar o conhecimento sobre o direito em saúde foram alguns pontos abordados pelos participantes.
Após a manifestação do público, Vanderleia reforçou a importância de ter espaços para debater e refletir sobre a participação social, uma vez que a garantia da saúde como um direito de todos é resultado da luta da sociedade. Porém, a convidada lembrou que apesar de a Constituição de 1988 legalizar o direito de todos à Saúde, a participação da sociedade é decisiva para que esta Lei seja aplicada. “A Saúde em nosso país é marcada pela luta, participação, conquista e cotidiano da nossa sociedade”, defendeu Vanderleia durante sua fala.
A coordenadora do eixo Participação do 10º Congresso ainda chamou atenção para o modelo de desenvolvimento escolhido pelo país que causa grande impacto na saúde e no estilo de vida dos brasileiros. Para ela, existe uma contradição entre a crescente oferta, por parte do sistema capitalista, de serviços e equipamentos de saúde, e o crescente número de doenças. E mais, afirmou que não adianta ampliar o financiamento do setor saúde se o modelo de desenvolvimento continuar “fabricando” indivíduos doentes. Sobre a questão, a professora esclareceu: “a saúde é resultado de um estilo de vida, de um modo de viver em grupo, em coletivo, em família, em sociedade. Esta é a importância de levar a discussão sobre a Participação para dentro do 10º Congresso”.
A médica Vera Dantas, que atualmente participa do projeto de construção de uma política nacional de educação popular, também defendeu o debate sobre a Participação para propiciar relações compartilhadas de poder na Saúde. Em suas palavras, Vera disse que o médico não tem um conhecimento superior ao de um agente comunitário de saúde e sim, que ambos têm conhecimentos complementares, que podem contribuir para a mudança do modelo praticado hoje, como também podem incentivar novas e outras formas de participação.
A médica ainda criticou a formação em saúde que atualmente é sustentada por uma lógica biologicista, hospitalocêntrica, medicalizada e vertical; e disse que devemos resgatar o conceito de “território vivo”, de Milton Santos, que significa pensar cada espaço de atuação, considerando os jeitos das pessoas de viver a vida. Vera destacou que, durante o congresso, acontecerão muitas atividades, na Tenda Paulo Freire, para compartilhar tais conceitos “vivos” entre atores sociais e instituições.
Assista ao trecho de Vanderléia Daron.