Destaques
CARTA ABERTA em defesa da Reforma Psiquiátrica e contra retrocessos na Saúde Mental
Há que se conhecer a história e o que ela orienta. Há que se atualizar e saber o que recomendam as melhores práticas em psiquiatria e saúde mental. Há que se respeitar, defender e cumprir a Política Nacional de Saúde Mental como política de Estado.
Em 1990, organizações, associações, experts e autoridades da saúde e da saúde mental, trabalhadores, usuários, familiares, legisladores, movimentos sociais e juristas do mundo todo estiveram reunidos em um evento histórico e determinante para a reestruturação da atenção psiquiátrica: a “Conferência de Caracas”, adotada pela Organização Mundial da Saúde e atualizada na agenda internacional de recomendações para o campo.
Assim, considerando a ineficácia, inefetividade e ineficiência do modelo médico custodial, centralizado no hospital e na internação como dispositivos exclusivos de assistência, comprovadamente iatrogênico, incapacitante e segregador;
Considerando a histórica violação dos direitos humanos e civis dos usuários;
Constatando o custo altíssimo, alarmante, e os piores e inaceitáveis indicadores de processo e de resultado já vistos;
Atentos a aviltante degradação da vida amplamente documentada nos manicômios psiquiátricos, conferindo à internação valor de destino, naturalizando o abandono e os maus tratos, perpetuando práticas terapêuticas inexpressivas, irracionais, portanto, ética e tecnicamente condenáveis;
Declararam como evidências de melhores práticas em psiquiatria e Saúde Mental:
Que os Programas de Saúde Mental e Psiquiatria sigam os princípios que orientam os modelos de atenção à saúde, de forma que esteja centrado na Atenção Primária em Saúde, organizado no território, no marco dos Sistemas Locais de Saúde;
Que os recursos, cuidado e tratamento devem salvaguardar invariavelmente a dignidade pessoal e os direitos humanos e civis dos usuários(as);
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Em 2001, decreta-se e sanciona-se a Lei brasileira 10.216/2001, a qual dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental e define em seu Parágrafo Único, como direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
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Na Lei, define-se que é responsabilidade do Estado desenvolver a política de saúde mental com a devida participação da sociedade e da família.
Em atenção ao exposto, a Associação Brasileira da Rede Unida declara:
- Defender o Estado Democrático de Direito;
- Defender a Reforma Psiquiátrica brasileira, pilar estruturante do Sistema Único de Saúde;
- Repúdio a qualquer possibilidade de retrocesso nos avanços técnicos, científicos e assistenciais alcançados nos últimos 20 anos;
- Desconhecer que tipo de caráter “mais científico” possa ser proposto que já não esteja previsto, conforme exposto no início desta carta, pelas diretrizes e recomendações das instituições oficiais de saúde (OMS/OPAS) para o “tratamento do transtorno mental”;
- Apoio incondicional às manifestações e ocupações que apelam para a sustentabilidade da coerência e da consequência na condução nacional da gestão em saúde mental, o que invariavelmente impõe a necessidade de um gestor que tenha comprovada e reconhecida trajetória institucional no campo da Reforma, em consonância com seus princípios, e não pública relação com modelos manicomiais condenáveis;
- Apoio incondicional à agenda de iniciativas e de financiamento na Rede de Atenção Psicossocial – RAPS, que vinha sendo conduzida pelo gestor anterior, este sim, conhecido e respeitado nacional e internacionalmente pela sua relevante contribuição para a Reforma Psiquiátrica brasileira;
- Repúdio a inclusão de comunidades terapêuticas na Rede de Atenção Psicossocial – RAPS;
- Repúdio ao que representa o nome anunciado para a Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas e à inflexibilidade do Ministério da Saúde ao apelo dos usuários, trabalhadores, familiares, gestores, movimentos sociais, instituições de saúde e de ensino, que contestam o currículo institucional do indicado e solicitam sua substituição;
- Apoio incondicional ao protagonismo político dos usuários e familiares na defesa e na construção da mais competente forma de cuidar em saúde mental, posto que a cidadania é o eixo estruturante desse cuidado;
- Apoio incondicional ao Movimento da Luta Antimanicomial e ao cuidado em liberdade;
O seu desejo de olhar o futuro, certamente, mas não pelo retrovisor.
Lideranças indígenas confirmam presença no 12º Congresso da Rede Unida
Mais duas lideranças indígenas acabam de confirmar presença no 12º Congresso Internacional da Rede Unida. Biraci Nixiwaka, liderança do povo Yawanawá, e Davi Kopenawa, do povo Yanomami, gravaram um vídeo em que falam sobre a expectativa de participar do Seminário de Saúde Indígena, que acontece durante o evento, onde pretendem debater as práticas terapêuticas utilizadas pelos índios no cuidado em saúde.
Além do Seminário, a programação do 12º Congresso contará com fóruns internacionais, mostras, oficinas, rodas de conversa, sessões dialogadas, intervenções culturais, entre outras atividades acerca do tema “Diferença sim, desigualdade não: pluralidade na invenção da vida”. O evento acontece entre os dias 21 e 24 de março de 2016, na Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
As inscrições para o evento podem ser realizadas em:
www.redeunida.org.br/congresso2016/inscricao
Assista aos vídeos com Biraci Nixiwaka e Davi Kopenawa
Ministério da Saúde lança plano e kit de comunicação para o VER-SUS
A edição de Verão de 2016 do VER-SUS terá uma novidade! O Ministério da Saúde acaba de lançar uma proposta de Plano de Comunicação a ser utilizado pelas comissões organizadoras, facilitadores e viventes. Além de um passo a passo com orientações de como as comissões podem preparar um plano de comunicação, o material traz um kit de mídias (impressas e digitais) para que que facilitadores e viventes possam divulgar suas experiências antes, durante e depois das vivências. A intenção é que o Plano contribua para a construção da memória do trabalho realizado pelos participantes, qualificando o retorno das experiências para os serviços, as universidades e a comunidade.
Financiado pelo Ministério da Saúde, o VER-SUS é um projeto coordenado pela Rede Unida que visa aproximar estudantes, profissionais de saúde, professores, gestores e representantes de movimentos sociais para refletir sobre o SUS.
Sai lista final de vivências e seminários para o VER-SUS Verão 2016
O Ministério da Saúde, por meio da Associação Brasileira da Rede Unida, acaba de divulgar a lista final de projetos aprovados para a edição de Verão de 2016 do VER-SUS (Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde). Dos 53 projetos encaminhados para seleção, a secretaria executiva aprovou 36 vivências e 12 seminários que acontecerão em 20 estados mais o Distrito Federal. Faça sua inscrição agora mesmo!
Sai lista de aprovados para VER-SUS Verão 2016
A secretaria executiva do projeto Vivências e Estágios na Realidade do SUS acaba de divulgar a lista de propostas aprovadas para vivências, seminários e oficinas a serem realizadas no verão de 2016. Das 53 propostas encaminhadas para a seleção, 40 foram aprovadas pelo Ministério da Saúde e pela Rede Unida, que capitaneiam o projeto. Ao todo serão realizadas 29 vivências e 11 seminários ainda no primeiro semestre. De acordo com a secretaria executiva, algumas propostas foram aprovadas com ressalvas e a equipe responsável pela seleção entrará em contato com as comissões organizadoras para providenciar os devidos ajustes.
Lista de aprovados
Prorrogado o prazo de inscrição para a Mostra Saúde Fazendo Arte
A comissão organizadora do 12º Congresso Internacional da Rede Unida prorrogou até 10/12 o prazo de envio de propostas para a Mostra Saúde Fazendo Arte. Um dos espaços mais criativos e movimentados dentro da programação dos Congressos da Rede Unida, a Mostra reúne apresentação de intervenções, vídeos, práticas de cuidado, atividades artísticas e culturais. Os interessados em enviar propostas devem preencher o formulário de proposição, informando o nome, objetivo, descrição e os recursos físicos e pedagógicos necessários para a realização da atividade.
Saiba como enviar sua proposta em:
www.redeunida.org.br/congresso2016/inscricao/proposta-saude-fazendo-arte