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A Cidade Que Se Reinventa

por Igor Cruz última modificação 11/11/2011 13:10
Conheça algumas histórias e iniciativas que fazem do Rio um lugar muito especial

 

ZONA SUL

Feira das Laranjeiras 

Comprar frutas, legumes e verduras frescas em feiras livres pode ser uma boa forma para manter uma alimentação saudável, mas também pode se tornar um passeio cultural surpreendente. A tradicional feira da Rua General Glicério, em Laranjeiras, é um bom exemplo de como os cariocas transforam a rotina das compras para a casa em um divertido ponto de encontro para ouvir boa música, degustar petiscos, ver artesanatos e ainda abastecer a geladeira. Após fazer a feira, vale a pena passar na barraca de Pastel & Caldo de Cana do Bigode e provar o pastel de carne seca, de palmito, ou o croquete de aipim com carne (todos deliciosos!). As barracas de artesanato deixam o passeio ainda mais especial, mas não para por aí. Na barraca do Luizinho, com seus drinks especiais e CDs raros, tem muita coisa boa e grandes promoções. Aos poucos se percebe a movimentação de músicos e seus instrumentos que se juntam a vizinhos e visitantes para uma boa roda de Chorinho. E é aí que a tarde fica mais agradável e animada. Mas atenção à dica! A feira começa cedinho e não vale a pena comprar peixe. Não que o peixe não seja bom e fresquinho, pelo contrário. Mas a feira na General tem muitos atrativos e se você for aproveitar tudo, o seu peixe vai chegar tarde em casa. 

Largo do Boticário

Quem passa pela Rua Cosme Velho, indo ou vindo do Túnel Rebouças, dificilmente repara um pequeno beco (Beco do Boticário) que dá entrada para o charmoso Largo do Boticário. São apenas 8 casas em estilo neocolonial, rodeadas pela mata atlântica e onde ainda se ouve o rio Carioca correndo a céu aberto. O Largo passou a existir a partir de 1879 e suas casas já sofreram muitas reformas e continuam precisando de cuidados, mas mesmo assim o local continua atraindo turistas e levando o visitante a uma tranquila e bucólica viagem no tempo. O nome Boticário foi dado porque lá morava o Sargento Joaquim da Silva Souto, militar reformado conhecido pelo preparo de unguentos e xaropes, um boticário. Quem passar pelo Largo, talvez encontre com o aquarelista Solar Barrios, um chileno que já viajou o mundo e muitas vezes divulga seu trabalho ali. Simpático, ele acaba fazendo a vez de guia turístico local, por conhecer bem a história do Largo e de seus moradores. 

Mureta da Urca

Situada às margens da Baía de Guanabara, a Mureta da Urca é um dos destinos obrigatórios ao passar pelo Rio de Janeiro. Em um dos mais belos cartões postais do mundo com vista para o Cristo Redentor e à entrada do histórico Forte São João, é possível caminhar por um dos bairros mais charmosos da cidade, onde já funcionaram um cassino e uma emissora de TV. A dica é ir à Mureta no finzinho da tarde, quando famílias e amigos se reúnem para botar o papo em dia e admirar o por do sol. Ao passear pela Mureta vale a pena dar uma paradinha no Bar Urca, um dos mais tradicionais da cidade, e conhecer os ‘Gomes’ - três gerações de ‘Armandos’ (pai, filho e neto) cativam seus clientes servindo seus melhores petiscos de manhã até à noite. 

CENTRO

Saara 

70 mil pessoas por dia passam pela Saara, o maior comércio popular a céu aberto da América Latina. As onze ruas e mais de 1200 lojas concentradas no retângulo formado pela Avenida Presidente Vargas, Rua dos Andradas, Rua Buenos Aires e pelo Campo de Santana, no Centro do Rio, receberam o apelido carinhoso de ‘Pequena ONU’ em função da união de comerciantes chineses, árabes, libaneses, peruanos, indianos, brasileiros e outros que, em 1962, fundaram a ‘Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega’ – a SAARA. Nela é possível encontrar a maior variedade de mercadorias do Rio de Janeiro que vão desde temperos, conservas, grãos, artigos orientais e natalinos, bacalhau, docerias, produtos naturais, roupas, brinquedos, calçados, artigos esportivos, artigos de beleza e estética, artigos de decoração, artigos de festa, produtos eróticos até fantasias de carnaval. Os restaurantes da Saara são uma ótima dica para aqueles que apreciam a gastronomia oriental. Ao passear pelas vitrines do comércio não deixe de prestar atenção aos divertidíssimos comerciais de ofertas e promoções, anunciados pela Rádio Saara, que expressam o bom humor e criatividade dos cariocas. 

Pedra do Sal

Conhecida como a ‘Pequena África’, a Pedra do Sal é um local de especial importância para a cultura negra carioca, onde se encontra a comunidade ‘Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal’. Sua história data de 1608, quando um grupo de baianos se instala numa zona de ruas tortuosas e becos em torno da Pedra, onde funcionava um mercado de escravos próximo ao Cais do Porto do Rio de Janeiro. Atualmente, a Pedra do Sal é um dos lugares mais prestigiados pelos amantes do samba e do choro que se reúnem nas noites de segunda e quarta-feira para ouvir boa música. E isso não é por acaso, pois a Pedra é conhecida por ter sido frequentada por grandes sambistas do passado como Pixinguinha, Donga, João da Baiana e Heitor dos Prazeres. 

Confeitaria Colombo

Chiquinha Gonzaga, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Villa-Lobos, Lima Barreto, José do Patrocínio, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek são alguns dos clientes famosos que frequentaram a Confeitaria Colombo. Fundada em 1894, na estreita Rua do Ouvidor, a Confeitaria ainda preserva a luxuosa decoração e riqueza do Rio de Janeiro de D. Pedro II, quando o bairro do Centro era frequentado por homens de negócios e damas da alta sociedade. Quase 120 anos depois, a Confeitaria Colombo mantém a luxuosa decoração e o tradicional chá da tarde, na mesma estreita Rua do Ouvidor, encravada entre lojas de departamentos e importados, escritórios de multinacionais, agências bancárias e ambulantes que abusam da criatividade para anunciar os últimos lançamentos made in China.

Feira da Lavradio

Moradia e local de encontro de poetas, escritores, políticos e artistas que movimentaram a cidade no início do século XX, a Rua do Lavradio guarda uma importância cultural e arquitetônica que pode ser apreciar na beleza neoclássica de suas fachadas assobradadas. Ali também nasceu o jornal "Tribuna da Imprensa", do qual o seu antigo proprietário, o jornalista Carlos Lacerda, na década de 1950, sustentou uma campanha política contra o segundo governo de Getúlio Vargas. Percebendo o valor cultural da via, em 1997, um grupo de antigos comerciantes se mobilizou para transformar uma das primeiras ruas residenciais do Rio de Janeiro num polo cultural com concorridos bares e restaurantes e uma das mais prestigiadas feiras de antiguidades da cidade. Com mais de 350 expositores, a Feira da Lavradio acontece sempre no primeiro sábado de cada mês, quando os visitantes caem no samba e revivem a boemia da Lapa.

Mercado das Pulgas

O Mercado das Pulgas é uma tradicional feira de artesanato que acontece todo 1º domingo do mês, reúne artistas plásticos e artesãos de diversos segmentos. A feira tem entrada franca e acontece em um antigo casarão do Largo dos Guimarães, onde funciona a sede do Centro Social João Fernandes, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. No local são montadas barracas onde os autores exibem suas obras, e os visitantes ainda dispõem de praça de alimentação com doces e salgados artesanais. Mas é importante lembrar-se da dica da cantora Adriana Calcanhoto: “cariocas não gostam de dias nublados!”. Por isso, em caso de chuva, não há evento.

ZONA NORTE

Casa de Banho de D. João VI

Localizado na zona pontuaria do Rio de Janeiro, o Solar do Caju guarda um pedaço curioso da história do Brasil, pois foi frequentado por D. João VI, que seguindo recomendações médicas, procurou as águas da praia do Caju para se curar de uma mordida de carrapato na perna. Por não gostar muito de contato com água, o monarca só aceitou tomar os banhos curativos se fosse pendurado em uma espécie de tina, que permitia que apenas suas pernas se molhassem. Para não contrariar a vontade do Rei, o Solar do Caju foi adaptado e ficou para sempre conhecido como ‘Casa de Banho de D. João VI’. Hoje funciona no imóvel o Museu da Limpeza Urbana, onde são realizadas ações educativas, culturais e de lazer, como exposições, seminários, espetáculos musicais, teatrais e de dança. Ao visitar o museu é possível conhecer os primeiros uniformes desenhados para garis, equipamentos utilizados para recolher o lixo, miniaturas de veículos e de carruagens, entre outros objetos.

CADEG

Após cinco décadas de atritos e desgaste com governantes do Rio de Janeiro, em 1957, os comerciantes que ocupavam o Mercado Municipal no centro da cidade decidiram se unir para comprar uma antiga fábrica de cigarros, na Rua Capitão Félix n° 110, no bairro de Benfica. Nascia ali o CADEG (Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara), um dos mais tradicionais polos comerciais da cidade, com distribuidoras de alimentos e bebidas, e o maior centro de distribuição de flores do Rio de Janeiro. Aberto 24 horas, o CADEG não para. À noite, primeiro abrem os bares, por volta das 20h. Depois, à meia-noite, é a hora das frutas, verduras e legumes. É o que podemos chamar de intensa movimentação noturna! No mercado das flores, os comerciantes começam a chegar de madrugada, lá pelas duas da manhã. Dá-se início a um imenso espetáculo, com carregamentos e mais carregamentos de todos os tipos. Chegam os caminhões cheios de violetas, rosas, lírios, orquídeas, copos de leite... um verdadeiro encanto. E se estes não são motivos suficientes para garantir uma visita ao CADEG, cabe registrar que o lugar é um dos polos gastronômicos mais frequentados pelos cariocas. 

Feira de São Cristóvão

Tudo começou em 1945, quando os caminhões pau-de-arara vindos de vários estados do Nordeste, chegavam ao Campo de São Cristóvão trazendo retirantes nordestinos para trabalhar na construção civil, onde já tinham vaga garantida. O encontro dos recém-chegados com parentes e outros conterrâneos era animado com música e comida nordestinas, dando origem à Feira de São Cristóvão. Durante 58 anos, a tradicional Feira permaneceu no Campo de São Cristóvão, debaixo das árvores. Em 2003, as barracas foram transferidas para dentro do antigo Pavilhão reformado pela Prefeitura do Rio e transformado no Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. Hoje a Feira de São Cristóvão é o destino preferido dos cariocas que apreciam a culinária, o artesanato, os trios e bandas de forró, cantores e poetas populares, e a literatura de cordel nordestina. Detalhe: a Feira é um sucesso e atrai cerca de 250 mil visitantes por mês.

Samba do Trabalhador

Uma festa que acontece toda segunda-feira a partir das duas da tarde e se chama "Samba do Trabalhador" pode parecer só uma piada. Mas não é bem isso. O Samba do Trabalhador é uma festa em homenagem ao dia de folga dos músicos que geralmente descansam às segundas-feiras, mas não deixa de ser uma provocação à cidade. A roda de samba acontece no Clube Renascença, um dos símbolos de afirmação negra no Rio de Janeiro. Fundado no final dos anos de 1950, o Renascença foi criado como uma alternativa de inclusão social, após alguns negros terem sido impedidos de ingressar em uma festa de um famoso clube carioca, frequentado pela classe média branca da cidade. Cravado no coração do bairro de Vila Isabel, o clube guarda uma particularidade: um pátio com uma grande Caramboleira que tem dado frutas, que caem maduras para deleite do público e dos sambistas. 

Mercadão de Madureira

No ano de 1914, comerciantes de produtos agropecuários começavam a se organizar em uma pequena feira livre, localizada onde hoje é a quadra da Escola de Samba Império Serrano. Nascia o primeiro Mercado de Madureira, que em pouco tempo se tornaria o maior centro de distribuição de alimentos do subúrbio. Anos depois (1959), quando o Brasil respirava o desenvolvimento do governo de Juscelino Kubitscheck, foi inaugurado no local onde está até hoje, o Mercadão de Madureira. Considerado polo de convergência social por misturar todas as camadas da população, em 2000, o Mercadão foi totalmente destruído por um incêndio. E o que poderia parecer o fim, foi na verdade o recomeço. Em 5 de outubro de 2001, o Mercadão Madureira reabriu suas portas com 580 lojas e uma enorme variedade de produtos e serviços, com preços altamente competitivos no atacado e no varejo, atraindo cerca de 80 mil pessoas por dia. As portas continuam abertas até hoje e o Mercadão, com certeza, é um dos símbolos do espírito carioca que sobrevive com suas lutas e alegrias. 

Jongo da Serrinha

A Serrinha é um museu a céu aberto. Ao passear pelas suas ruas e ladeiras da comunidade é possível conhecer um pouco da história do nascimento das favelas e do samba, no Rio de Janeiro. Localizada na divisa de Madureira com Vaz Lobo, na zona norte do Rio, a comunidade da Serrinha ficou conhecida por ser um dos tradicionais locais de prática de jongo, desde a época dos primeiros sambistas, no início do século XX. Berço das escolas de samba ‘Prazer da Serrinha’ (extinta) e ‘Império Serrano’, a comunidade ganhou notoriedade ao criar o "Jongo da Serrinha", um grupo cultural que realiza exibições do ritmo afro-brasileiro, considerado um dos ancestrais do samba. Vale destacar ainda as rodas de dança de umbigada que conferem um charme a mais à visita.

Cacique de Ramos

No começo dos anos 60, em Olaria, subúrbio carioca da Leopoldina, um grupo de jovens, representantes por excelência das "camadas populares", formulava um projeto cultural para organizar o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos. Agremiação carnavalesca, reduto de criação musical, exemplo de organização popular, centro de festas e de afirmação de tradições de várias ordens, aos poucos, o Cacique se tornou uma "grande família", uma enorme e eficaz rede de relações de troca e de ajuda mútua, que se encontrava nas rodas de samba das quartas-feiras, debaixo das tamarineiras que enfeitam a quadra do Cacique. Nomes como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Almir Guineto, Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho e tantos outros são parte desta rede. É um samba de fundo de quintal, de rodas de samba surgidas no cotidiano do subúrbio carioca, mas que, muito rapidamente, ganhou as paradas de sucesso.

ZONA OESTE

Sítio Burle Marx

Ao longo de 45 anos de trabalho, o principal paisagista do país, Roberto Burle Marx, organizou e preservou uma das mais importantes coleções de plantas vivas do mundo, seja pela quantidade, seja pela diversidade das espécies. E este valioso acervo foi transformado em um Centro de Estudos de Paisagismo, Botânica e Conservação da Natureza e doado pelo paisagista para a cidade do Rio de Janeiro. Ao visitar o sítio é possível conhecer a casa onde Burle Marx morou de 1973 até seus últimos dias, bem como apreciar serigrafia e pintura de grandes painéis em tecido e painéis de azulejo assinadas por ele. O Sítio possui ainda uma biblioteca especializada com cerca de 2.600 títulos em botânica, arquitetura e paisagismo, duas salas de aula, um auditório, um herbário e um laboratório para pesquisas. A Capela de Santo Antônio da Bica, construída dentro do sítio no século XVII, foi restaurada por Burle Marx, é outro ponto alto da visita que revela a grandiosidade da alma do paisagista.